Vivemos em uma era em que as redes sociais transformaram radicalmente a forma como nos comunicamos e interagimos com o mundo. No entanto, essa revolução digital trouxe consigo uma série de desafios, especialmente para aqueles que desempenham a função de educar: os professores. A realidade atual dos docentes é marcada não apenas pela dedicação ao ensino, mas também pela constante exposição às críticas infundadas e julgamentos precipitados que circulam nas redes sociais, pois estão constantemente sob o olhar crítico e às vezes cruel de uma audiência que se julga especialista em tudo. As redes sociais, especialmente através de grupos de WhatsApp, transformaram o processo educativo em um campo de batalha de opiniões não fundamentadas e julgamentos rápidos, tornando-se em um terreno fértil para críticas direcionadas aos professores. Notícias e comentários viralizados frequentemente desferem ataques às atividades pedagógicas, muitas vezes baseados em informações incompletas ou distorcidas. Um exemplo comum é a crítica a temas e materiais abordados em sala de aula, que são analisados e julgados por pessoas leigas que desconhecem a complexidade do processo educativo e a teoria pedagógica que o sustenta.

Tornou-se cultural, que pais e responsáveis criem grupos para discutir questões relacionadas às turmas de seus filhos. Em vez de utilizar esses espaços para se informar e apoiar o processo educativo, muitos pais acabam utilizando-os para criticar a escola e os professores, frequentemente sem uma compreensão adequada do que realmente está acontecendo. A crítica é muitas vezes desprovida de base teórica e não leva em consideração o contexto educacional ou a formação dos profissionais envolvidos.
Antigamente, e sem cair no saudosismo, o respeito pelos professores era um valor predominante. Crianças e jovens reconheciam que seu desenvolvimento estava profundamente ligado à dedicação e ao empenho dos educadores. O ensino envolvia a leitura de obras de Monteiro Lobato, Ziraldo e outros autores que encantavam e instruíam. O folclore e outros temas de relevância eram discutidos de maneira rica e significativa. Hoje, no entanto, os professores se veem temerosos ao abordar certos temas ou materiais, receosos de serem criticados ou mal interpretados. Obras que outrora foram pilares da educação são agora evitadas por medo de retaliação.
O paradoxo é evidente: na escola, a abordagem de temas tradicionais é muitas vezes considerada inapropriada, enquanto fora dela, os alunos são expostos a conteúdos que podem não ser os mais edificantes. Músicas populares nas redes sociais, que muitas vezes abordam temas controversos e linguagem explícita, são absorvidas pelas crianças e jovens sem um filtro crítico. No entanto, a escola enfrenta restrições rígidas em relação ao que pode ser ensinado e discutido. Essa discrepância revela um problema maior: a desconexão entre o que é abordado em casa e o que é permitido na escola.
Os juízes das redes sociais, muitas vezes “Doutores” em senso comum, assumem um papel que não lhes confere competência. Criticam e opinam sobre o processo educativo sem a devida base teórica ou experiência prática. Essa atitude não só desvaloriza o trabalho dos professores, como também desincentiva aqueles que dedicam suas vidas ao magistério. Como dizia meu sábio e saudoso pai: “Assim caminha a humanidade”.
Educar é uma arte séria e complexa, que exige uma formação sólida e um compromisso contínuo com o aprimoramento profissional. Como destacou Paulo Freire, “se torna professor na prática e reflexão sobre a prática”. Freire enfatizou a importância da prática pedagógica reflexiva, momento em que a teoria e a prática se encontram para formar um educador verdadeiramente comprometido com a transformação social e individual.

Rubem Alves também abordou a essência da educação de maneira sensível, afirmando que “educar é uma tarefa de amor e de paciência, de paixão e de esperança”, enfatizando que o verdadeiro educador é aquele que, além de transmitir conhecimento, é capaz de inspirar e transformar a vida dos alunos.
Além disso, autores contemporâneos, como Mario Sergio Cortella e Leandro Karnal destacam que a educação deve ser vista como um processo dinâmico e enriquecedor, não apenas como um meio de transmitir conteúdo. Cortella ressalta que o papel do professor é crucial na formação do pensamento crítico e da cidadania. Karnal, por sua vez, lembra que o encantamento pela educação, a paixão pelo ensino e o amor pelo conhecimento são fundamentais para que o educador se mantenha motivado e eficaz em sua missão.
Diante dessa realidade, muitos professores se desiludem e abandonam a profissão. A essência da arte de educar e o encantamento pelo ensino estão se perdendo em meio a um ambiente crítico e frequentemente injusto.
Para resgatar a essência da arte de educar e garantir um ambiente escolar mais positivo, é necessário que pais e responsáveis se envolvam de maneira construtiva e respeitosa.
Portanto, é um clamor para que pais e responsáveis cultivem a escuta sensível e o olhar atento. Antes de tomar qualquer posição ou fazer críticas, é essencial buscar entender a real situação e ouvir a escola. Somente a partir de uma compreensão adequada é que se pode discutir e resolver questões de forma construtiva. A educação é um processo colaborativo, e o apoio mútuo entre escola e família é crucial para o sucesso dos alunos e para o bem-estar dos educadores.
A era digital trouxe inovações e oportunidades, mas também desafios que precisamos enfrentar com seriedade e respeito. Proteger e valorizar a profissão docente é essencial para garantir que a educação continue sendo um pilar sólido para o desenvolvimento das novas gerações.

Erika Costa
Doutoranda em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional
Mestre em Educação
Especialista em PROEJA
Especialista em Neuropsicologia
Especialista em Psicopedagogia
Especialista em Gestão Escolar com ênfase em Educação especial e inclusiva
Especialista em Jornalismo Digital
Graduada em Pedagogia-
Graduada em Letras/Língua Portuguesa
Graduanda em Jornalismo
Adorei a publicação Profe Érika. As críticas infundadas das redes podem desmotivar os professores e afetar seu autoestima, bem como, dificultar a atração e permaneça de professores qualificados no ambiente escolar.
Adorei a Publicação professora Érika.
Conteúdo muito bom 🥰❤️.
Texto maravilhoso da Profa Erika. Ficou chato ensinar. Preparar aula para quem? Aluno ou família? AFF bom mesmo era antigamente: o professor falava e estava falado. Os pais concordavam e estava concordado. Pais e professores eram autoridades. Hoje essas crianças mimizentas frutos de pessoas que, em sua maioria, só engravidaram para serem convidados às festas de aniversário dos colegas de faculdade que fizeram a mesma coisa, se acham no direito de criticar tudo, pelo simples fato de pertencerem a um grupo de whatsapp ou para terem milhões de curtidas. No fundo pouco importam com a criança, por eles gerada. Pronto. Falei!