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Recentemente, o jornalista âncora do Jornal da Band, Eduardo Oinegue, teceu uma análise sobre a declaração feita pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à respeito da relação da economia entre Brasil e Estados Unidos. Assunto este, que tem sido objeto de calorosos debates na imprensa nacional e nas redes sociais na última semana. A brilhante e ‘cirúrgica’ análise, lança luz sobre a questão, utilizando dados concretos para desmistificar algumas percepções e… equívocos.
Segundo Oinegue, ‘enquanto alguns debatem sobre quem precisa mais de quem’, os números mostram que o Brasil depende significativamente mais dos EUA do que o contrário. O Brasil, representando pouco mais de 2% do PIB mundial, logicamente [e não precisa ser um expert em economia para ver que] o nosso País apresenta sim, maior dependência dos Estados Unidos, que detêm 26% desse mesmo índice.
Os dados comerciais apresentados pelo jornalista, corroboram com essa análise. Vejamos:
Em sua fala, Oneigue destaca que o Brasil exporta cerca de 40 bilhões de dólares anuais para os EUA, figurando como um importante fornecedor de diversos produtos, como soja, carne de frango, café, suco de laranja, etanol e celulose. Essas exportações representam 12% do total exportado pelo Brasil para o mundo. Contudo, para os Estados Unidos, essas importações representam apenas 1% do total. Essa assimetria numérica evidencia a maior relevância do mercado americano para o Brasil do que o contrário.
O foco, portanto, não deve ser concentrado em uma disputa sobre ‘quem é mais importante para quem’. Como bem apontado por Oinegue, seria benéfico para o Brasil aumentar ainda mais suas exportações para os EUA, intensificando essa dependência comercial. O verdadeiro ponto de atenção está nas consequências das políticas econômicas adotadas pelo governo Trump nos Estados Unidos.
A nomeação de diversos bilionários para cargos-chave, com o objetivo de reindustrializar o país, atrair capital, reduzir custos estatais e diminuir impostos, inclusive para os mais ricos, configura um cenário de grande impacto! A possível redução da carga tributária americana, atualmente em 27%, representa um atrativo significativo para investidores e empresários. Esse movimento econômico nos EUA possui um peso muito maior para o Brasil do que as declarações ou opiniões do presidente americano sobre o nosso país.
O contraste entre as agendas econômicas dos dois países é evidente! Enquanto os EUA sinalizam um ambiente favorável aos negócios, com redução de impostos e atração de investimentos, o Brasil apresenta um quadro preocupante. Uma carga tributária próxima a 35% do PIB, uma dívida pública crescente, juros elevados (próximos a 15% ao ano), um orçamento público com gastos consideráveis em emendas parlamentares e debates recorrentes sobre o conceito de propriedade privada no campo criam um ambiente de incerteza para investidores e empresários.
Essa discrepância de agendas, e não a questão de dependência mútua, constitui o maior desafio para o Brasil.
A falta de prioridade dada a esses temas decisivos, inclusive em reuniões governamentais, demonstra uma desconexão com as reais necessidades do país. A preocupação excessiva com questões periféricas, como a repercussão de vídeos nas redes sociais, desvia o foco dos problemas estruturais que impedem o Brasil de se tornar um país mais competitivo.
Um exemplo citado pelo jornalista foi a reunião recente entre o presidente Lula e seus ministros, onde temas importantes como tributação, dívida pública e competitividade ficaram de fora da pauta. Em vez disso, o foco recaiu sobre a repercussão de um vídeo de ‘um deputado da oposição falando sobre o PIX’.
Vendo tudo isso, a questão, não é quem precisa mais de quem – essa discussão, os números já respondem. O verdadeiro desafio do Brasil é superar suas barreiras internas para se tornar um país competitivo e relevante no cenário global. Isso exige reformas estruturais, redução de custos para empreender e uma agenda clara voltada ao desenvolvimento econômico.
Enquanto o Brasil insistir em ignorar suas fraquezas e se prender a debates secundários, continuará a perder espaço em um mundo cada vez mais dinâmico e competitivo, em vez de se perder em discussões sobre quem é mais importante para quem. A adoção de políticas que atraiam investimentos, reduzam a carga tributária e promovam um ambiente de negócios mais seguro é fundamental para o desenvolvimento econômico do Brasil.
A relação com os Estados Unidos é, sim, estratégica, mas a verdadeira transformação depende de o Brasil enfrentar seus próprios desafios. E isso, como bem apontado por Oinegue, pelo visto, está longe de ser prioridade na agenda atual, desviar o foco para o ‘diz que me diz que’ nas redes sociais, parece ser mais relevante.
Com informações de: MS DELAS